Um “protesto simbólico” —não disputar a bola nos primeiros 15 segundos de cada partida na nona rodada— contra a transferência do jogo entre Villarreal e Barcelona para Miami gerou uma guerra neste fim de semana entre jogadores da liga espanhola e a organização, que não está transmitiu imagens do gesto na televisão.
Na sexta-feira (17), a AFE (a Associação Espanhola de Jogadores de Futebol) anunciou que os jogadores protestariam “simbolicamente contra a falta de transparência, diálogo e coerência de LaLiga [responsável pela organização do Campeonato Espanhol] em relação à possibilidade de disputar uma partida da competição nos Estados Unidos“, em 20 de dezembro.
Nas partidas disputadas na sexta-feira e no sábado (18), os jogadores permaneceram imóveis durante os primeiros 15 segundos, enquanto a televisão exibia uma tomada fixa de fora do estádio ou uma vista aérea e a mensagem “Compromisso pela Paz”, sem dar mais detalhes, censurando o protesto que os jogadores tentavam transmitir.
Pássaros no telhado
Javier Tebas, presidente de LaLiga, havia confirmado em 8 de outubro que o jogo entre Villarreal e Barcelona, correspondente à 17ª rodada, seria a primeira partida da competição a ser disputada fora do território nacional, o que desencadeou críticas por ir contra o princípio de igualdade de condições entre os participantes.
O argentino Leandro Cabrera, um dos capitães do Espanyol, falou claramente depois da vitória de 2 a 0 de sua equipe sobre o Oviedo, na sexta-feira, a primeira em que ocorreu o protesto e a censura televisiva.
“Tudo o que queríamos mostrar era uma pausa e que discordamos. Devem ter filmado alguns pássaros no telhado. Não sei o que fizeram, mas sinceramente não entendo”, disse ele na zona mista.
“Primeiro, isso não faz sentido, e segundo, se tudo é tão transparente e honesto, por que não se reúnem e conversam? Respeito e transparência é o que será pedido durante todo o fim de semana nesta rodada”, acrescentou.
Embora a AFE tenha anunciado na sexta-feira que “manteria os jogadores do Barcelona e do Villarreal fora do protesto”, ambas as equipes participaram do protesto em suas partidas deste sábado, contra Girona e Betis, respectivamente.
“Adultera a competição”
O meio-campista holandês do Barcelona, Frenkie De Jong, abordou a questão há alguns dias, durante o treinamento de sua seleção.
“Não gosto que joguemos lá e não concordo com isso. Não é justo com a competição. Não acho que seja certo para os jogadores; sempre reclamamos do calendário de jogos e das viagens excessivas”, disse De Jong sobre uma viagem de avião de mais de 8.000 quilômetros.
No lado rival, o técnico do Real Madrid, Xabi Alonso, destacou que a partida de Miami “adultera a competição”.
“Não houve unanimidade ou consulta para jogar em campo neutro. Os protestos são positivos, e esse sentimento é positivo. Acreditamos que isso pode acontecer, se houver unanimidade, mas não é o caso”, acrescentou um dia antes de jogar contra o Getafe.
A Uefa (União das Associações Europeias de Futebol) aceitou a realização da partida, e de outra do Campeonato Italiano no início de fevereiro, na Austrália, “com relutância” e “excepcionalmente”, afirmou a entidade em comunicado divulgado em 6 de outubro.
Seu presidente, Aleksander Ceferin, explicou em uma entrevista que tem pouca margem de manobra desde que a Fifa (Federação Internacional de Futebol) revisou suas regras para partidas no exterior em maio.
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