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quarta-feira , 22 outubro 2025
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Polícia investiga desvio milionário no estádio do gol mais bonito de Pelé



SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A Polícia Civil de São Paulo abriu inquérito para investigar a suspeita de que mais de R$ 2,3 milhões que seriam destinados à reforma do Estádio Conde Rodolfo Crespi, a famosa Rua Javari, teriam sido desviados.

O próprio Juventus, dono do terreno do estádio, protocolou a notícia-crime apontando ex-dirigentes como responsáveis pelo suposto desfalque de R$ 2.362.157,09, verba arrecadada com a venda de uma parte do potencial construtivo do local. O acordo para a reforma foi formalizado em 2022 por meio de um Termo de Compromisso firmado com a prefeitura, já que o estádio é tombado como patrimônio histórico paulista.

O cerne da questão é que esse dinheiro tinha destino obrigatório: o projeto e as obras de conservação e restauro da Rua Javari. No entanto, as obras, que abrangeriam uma área de 4.671,98 m², não foram realizadas.

Segundo a denúncia, há fortes indícios de desvio: os recursos foram usados para quitar contratos mútuos com os próprios dirigentes do clube. O projeto inicial, que em 2021 estava orçado em cerca de R$ 2 milhões, jamais saiu do papel.

Quatro ex-dirigentes são investigados: Antonio Ruiz Gonsalez, Ivan Antipov, Paulo Troise Voci e Raudinei Freire. Atualmente, o Juventus é presidido por Dilson Tadeu Deradeli, eleito em abril para um mandato de três anos e responsável por apresentar à polícia o documento que deu origem ao inquérito.

O estádio foi palco do gol apontado por Pelé como o mais bonito de sua carreira. Em jogo entre Santos e Juventus pelo Campeonato Paulista de 1959, o Rei do Futebol recebeu de Dorval, chapelou quatro defensores, incluindo o goleiro, e só tocou de cabeça para o fundo da rede. Nesse momento, nasceu a popular comemoração do soco no ar.

MULTA E DÍVIDA

O não cumprimento do acordo gerou graves consequências financeiras ao Juventus. A prefeitura aplicou multa mensal de 5% sobre o valor da transferência, conforme previsto no termo firmado entre as partes, e exigiu que o clube devolva o valor total recebido (R$ 2.362.157,09) ao Fundo de Proteção do Patrimônio Cultural e Ambiental Paulistano (FUNCAP), já que a verba não foi destinada na finalidade correta.

O prejuízo aos cofres do clube apenas com essa penalidade chegou a R$ 2.952.696,25, já que o período de inadimplência iniciou em 17 de abril de 2023 e totalizou 25 meses de atraso. A operação toda resultou em dívida superior a R$ 5,3 milhões para o Juventus.

EX-DIRIGENTES NA MIRA

O inquérito policial instaurado visa investigar quatro ex-dirigentes que estavam à frente do clube no período em que os acordos foram firmados. Eles foram afastados preliminarmente da vida política do clube durante sindicância interna.

Os investigados são:
– Antonio Ruiz Gonsalez
– Ivan Antipov
– Paulo Troise Voci
– Raudinei Anversa Freire

De acordo a portaria do inquérito, as condutas podem se enquadrar em crimes graves contra o patrimônio, como apropriação indébita, estelionato e associação criminosa.

Procurados pela reportagem, Gonsalez, Antipov e Voci se pronunciaram por meio de nota oficial, alegando que “desconhecem qualquer inquérito policial”. Além disso, protocolaram “pedido de vistas documentais de suposta sindicância interna”.

Já Freire diz não ter sido diretor de futebol do clube durante o período investigado e que teria atuado apenas como consultor em uma “fase financeira muito crítica”. Ele explica que emprestou dinheiro ao clube durante a pandemia e que teria sido ressarcido ainda em 2021, período anterior ao acordo pela venda do potencial construtivo.

Já o Juventus informou que, “em razão do sigilo das investigações em curso, não se manifestará publicamente”.

O QUE DIZEM OS INVESTIGADOS

“O Senhor Antônio Ruiz Gonsalez, ex-presidente do Conselho de Administração do Clube Juventus, vem respeitosamente perante esse conceituado veículo de comunicação informar que desconhece qualquer inquérito policial em seu desfavor e que, quando exerceu a sua atividade no Clube Atlético Juventus, sempre se pautou por boas práticas e todos os seus atos foram aprovados por todos os poderes do clube. Que está solicitando nesta data cópias aos Poderes do Clube em face de eventual sindicância de seus atos, para exercer a sua ampla defesa e o contraditório. Que nunca agiu em seu benefício próprio na gestão do clube e que, ao contrário e com vasta documentação, sempre apoiou o clube e teve suas contas aprovadas. Que está à disposição de qualquer autoridade para esclarecimentos, e que caso exista algum apontamento indevido de seu nome, não se furtará a exigir a reparação dos envolvidos, quer na esfera penal, quer na área cível e internamente, até porque quem não deve não teme”, disse Antônio Ruiz Gonsalez.

“O Senhor Ivan Antipov, ex-presidente do Conselho Deliberativo do Clube Atlético Juventus, vem informar que, quando exerceu honradamente a gestão do Conselho Deliberativo, cumpriu rigorosamente o Estatuto e a legislação vigente, que nunca foi responsável por qualquer pagamento de conta e que sua atribuição era burocrática, de submeter ao Conselho as pautas de reuniões ordinárias e extraordinárias do clube. Que desconhece qualquer inquérito policial e que estará à disposição das autoridades e que exercerá seus Direitos Constitucionais do Devido Processo Legal. Que está protocolando internamente no Clube Juventus pedido de vistas documentais de suposta sindicância interna”, declarou a defesa de Ivan Antipov.

“O Senhor Paulo Troise Voci, ex-vice-presidente do Conselho de Administração do Clube Atlético Juventus, vem informar que, quando exerceu honradamente a sua atividade, cumpriu rigorosamente o Estatuto e a legislação vigente, que nunca foi responsável por qualquer pagamento de conta e que sua atribuição era burocrática na Vice-Presidência. Que desconhece qualquer inquérito policial e que estará à disposição das autoridades, e que exercerá seus Direitos Constitucionais do Devido Processo Legal. Que está protocolando internamente no Clube Juventus pedido de vistas documentais de suposta sindicância interna”, defendeu-se Paulo Troise.
“Primeiramente, gostaria de enfatizar que não fui diretor de futebol do Juventus na época em que a sindicância está investigando. Na verdade, fui consultor, numa fase financeira muito crítica do clube. Faço parte da história do clube, sou um de seus ídolos, pois joguei muitos anos no Juventus e, na condição de consultor, em 2019, emprestei um dinheiro a custo barato (correção pela poupança), pois o clube estava em sérias dificuldades financeiras para pagar os atletas e hospedagem na pré-temporada de janeiro de 2020. Isso tudo documentado (contrato, notas fiscais). Com a chegada da pandemia, no ano de 2020, o clube não conseguiu me devolver esse valor, razão pela qual foi feito um aditivo contratual. Contudo, a devolução desse valor deu-se no ano de 2021, ou seja, antes da questão do tal processo de venda do potencial construtivo, que se deu em 2022. Em razão disso, não entendo o motivo de ter sido inserido nessa sindicância, que é feita apenas para os poderes administrativos do clube, o que não é o meu caso. De qualquer forma, apresentei a minha defesa e aguardo que meu nome seja retirado dessa malfadada ocorrência”, afirmou Raudinei Anversa Freire,

O QUE DIZ O JUVENTUS

“O Clube Atlético Juventus informa que, em razão do sigilo das investigações em curso, não se manifestará publicamente sobre o conteúdo da matéria divulgada pela imprensa.

A atual gestão reafirma seu compromisso com a transparência junto a todos os órgãos responsáveis pela apuração dos fatos, assim como com a ética, a legalidade e a responsabilidade, sempre com o objetivo de proteger o patrimônio, a história e o futuro do Clube Atlético Juventus.

Atlético Juventus.”



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