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Podcast combate apagamento histórico no teatro brasileiro – 06/09/2025 – Mise-en-scène


O Podcast “Perdigoto” surge como uma ampla e fundamental iniciativa para mapear a riqueza do teatro brasileiro além do eixo Rio-São Paulo, com lançamento marcado para o próximo dia 10 de setembro. Idealizado pelos atores Aury Porto e Leonardo Ventura e com curadoria do professor Alexandre Mate, de São Paulo, e da diretora, atriz e professora Wlad Lima, de Belém do Pará, o projeto integra a residência artística da Mundana Companhia no Instituto Capobianco.

A motivação para criar um projeto de tamanho fôlego partiu da percepção de uma dupla carência. Os idealizadores explicam que identificaram uma escassez de projetos sobre as artes cênicas no formato podcast, somada ao contato com artistas de muita relevância que não aparecem adequadamente na historiografia hegemônica do teatro brasileiro.

O nome “Perdigoto” foi escolhido por encapsular perfeitamente a essência do projeto. Como explicam os criadores, a inspiração veio da “troca de perdigotos que temos no contato vivo do teatro”, representando a transmissão de “conhecimentos, memórias, histórias e práticas”. Cada episódio, assim, funciona como um salpico de vozes que se espalham pelo ar, perpetuando a tradição oral do teatro.

Ao longo de quatro meses, a equipe realizou 53 entrevistas com artistas, professores e pesquisadores de 17 estados e do Distrito Federal, totalizando aproximadamente 165 horas de conversa. Esse material deu origem a 25 episódios de cerca de 50 minutos cada, que serão disponibilizados semanalmente às quartas-feiras a partir da estreia.

O blog Mise-en-scène teve acesso exclusivo ao episódio de estreia, “As Vozes Insurgentes na História do Teatro Brasileiro”, que funciona como um abre-alas para toda a série. A discussão travada entre os pesquisadores Alexandre Mate, Valéria Andrade e Álvaro Assad já materializa a missão do projeto, combatendo ativamente o apagamento histórico.

No episódio, essa luta se torna concreta quando Mate questiona a figura de João Caetano (1808-1863) como “primeiro ator brasileiro”, lembrando a vasta produção anterior, especialmente de artistas pretos e periféricos. Citando Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), o professor defende que a palavra deve ser usada como “ferramenta de justiça”, trazendo à tona as vozes excluídas. A discussão avança ao apontar como a classe dominante preconiza um ideal liberal que, ao valorizar a individualidade, resulta no apagamento de linguagens de caráter popular, como o Teatro de Revista, do qual Dercy Gonçalves (1907-2008) foi uma expoente execrada pela elite.

Valéria Andrade, por sua vez, exemplifica a riqueza fora do eixo ao destacar que o Pará abriga uma das escola de teatro mais antiga do país e foi berço de grupos que serviram de pilares estéticos, como o Gruta e o Experiência, ambos ainda em atividade, e o pioneiro Cena Aberta. Assad expõe a precariedade que ameaça essa produção, afirmando que “pessoas não vivem de seus coletivos teatrais”, uma batalha constante contra a falta de apoio.

Para Aury Porto, o resultado do trabalho de pesquisa realizado, é um registro de grande valor: “Este documento com a dimensão plural de suas falas, temas e regionalismos apresenta um rico panorama artístico cultural do nosso tempo”. O debate no primeiro episódio reforça essa urgência, ao concluir que “o Brasil não conhece o Brasil”. Um dos exemplos citados é o do gênio nacional Qorpo-Santo (1829-1883), precursor do Teatro do Absurdo, cujas obras foram encenadas apenas um século depois de escritas, enquanto figuras canônicas europeias são amplamente estudadas.

Fica claro que, como defendem os pesquisadores no episódio, iniciativas de pesquisa, publicação e divulgação como o “Perdigoto” são um esforço urgente de justiça.

A opção pelo formato podcast, segundo Leonardo Ventura, rememora “a linguagem do rádio, cujas premissas estão em concordância com a linguagem teatral no que diz respeito à transmissão de conhecimento, mas com a vantagem do registro perpétuo”. Organizada em cinco eixos temáticos (História/Memória, Formação, Teatro de Grupo, Políticas e Diversidades), a série conta com trilha sonora de Ivan Garro, produção de Nana Yazbek e identidade visual de Mariano Mattos Martins, sendo viabilizada pela parceria da Mundana Companhia com o Instituto Capobianco.

A estreia acontece em 10 de setembro, no Spotify e nos demais tocadores de podcast. Toda quarta-feira, às 10h, um novo episódio estará disponível.


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