Após a dura derrota por 3 a 0 no jogo de ida das semifinais da Copa Libertadores, no Equador, Abel Ferreira avisou que 90 minutos no estádio do Palmeiras eram “muito tempo”. O treinador apostou que seu time viraria o placar geral do placar confronto com a LDU, o que se concretizou na noite de quinta-feira (30), com uma vitória por 4 a 0.
Não foi a única aposta do português que deu resultado. A escalação do atacante Allan e a entrada do meia Raphael Veiga foram decisivas na construção do triunfo elástico, necessário após a pancada levada nos 2.850 m de Quito. Allan participou de três gols, Veiga marcou dois, e a torcida alviverde fez a festa no Allianz Parque, em São Paulo.
Foi a maior virada da história da Libertadores na fase semifinal. Desvantagens de dois gols já haviam sido revertidas; de três, não. Mas, sem os efeitos da altitude e com uma atuação bem mais condizente com a capacidade dos comandados de Abel, estabeleceu-se um placar apropriado para a diferença de qualidade das equipes: marcaram, pela ordem, Sosa, Fuchs e Veiga, duas vezes.
O Palmeiras, assim, está na decisão do principal campeonato sul-americano pela terceira vez desde 2020. Novamente, como no título de 2021, a decisão será contra o Flamengo. O confronto derradeiro, em jogo único, está marcado para 29 de novembro, no estádio Monumental de Lima, onde as duas agremiações brasileiras brigarão pelo tetra.
Nesta quinta, diante do tamanho da tarefa na noite, Abel adotou uma formação ofensiva. Com três zagueiros como únicos jogadores efetivamente de marcação, o treinador botou um ponta na ala direita, o hábil canhoto Allan. Este, Maurício, Andreas Pereira, Piquerez, Flaco López, Vitor Roque e Sosa procuravam sufocar o adversário.
Havia opções por dentro –o ala esquerdo Piquerez também frequentava a área central– e ameaças pelos dois lados, com Allan e Sosa. E foi justamente em um cruzamento da direita para a esquerda que Allan achou Sosa para o gol que alimentou a esperança verde, em cabeceio executado aos 20 minutos.
A essa altura, já era muito evidente a superioridade dos donos da casa, que terminariam o primeiro tempo com 69% de posse de bola, segundo a estatística oficial da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol). A LDU conseguia apenas raramente sair do campo de defesa, via o rival frequentar sua área e tinha enorme dificuldade nas bolas aéreas.
O placar só não foi ampliado na sequência porque Vitor Roque abusou da individualidade e teve um chute bloqueado –Allan, que havia construído toda a jogada, em velocidade, estava livre, na frente do goleiro. Mas, em sua 19ª finalização da etapa inicial, o Palmeiras alcançou o segundo gol, ainda antes do intervalo.
Embora o árbitro Wilmar Roldan tivesse sinalizado três minutos de acréscimo, a partida já estava em seu 50º minuto quando a bola foi alçada na área após uma cobrança de falta. Roque a desviou na direção da marca do pênalti, e, após um corte parcial, ela se ofereceu a Fuchs, que bateu bem de pé direito.
O técnico brasileiro Tiago Nunes tentou mexer na atordoada LDU, trocando o lento Alzugaray pelo bem mais rápido Pastrán, para ao menos ameaçar um pouco mais nos contra-ataques. A equipe equatoriana até melhorou, mas logo aos quatro minutos da etapa final precisou contar com boa defesa de Domínguez em cabeceio de Flaco para manter-se à frente no placar geral do confronto.
Aos 19, quando os atletas do Palmeiras já demonstravam ansiedade e cometiam erros na construção, Abel acionou Raphael Veiga na tentativa de estabilizar a situação. Funcionou rapidamente. Aos 23, em mais um lance com boa participação de Allan, Veiga lançou Roque e apareceu na área para receber de volta e marcar.
Estava tudo igual na soma dos dois jogos, porém estava claro que o momento era alviverde. Ocorreu, então, o lance que entregou o prêmio final às apostas de Abel. Allan construiu excelente jogada individual na ponta direita e sofreu pênalti claro de Gruezo. Raphael Veiga bateu no meio, aos 37, e pôs seu clube na decisão da Libertadores.
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