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O ‘Poatan’ do Brasil é um dos maiores nomes do MMA – 05/10/2025 – Esporte


O lutador e podcaster Renato Moicano descreveu seu colega Alex “Poatan” Pereira como o “Ayrton Senna do MMA” —mas talvez a comparação mais precisa, em termos de conquistas e fama internacional, fosse com Pelé.

Poatan venceu neste sábado (4) o russo Magomed Ankalaev, ex-campeão da categoria meio-pesado, em apenas 80 segundos. Ao reconquistar o cinturão, tornou-se o primeiro brasileiro a vencer duas vezes na mesma categoria e também a ter títulos em duas divisões diferentes do UFC. Ele já havia feito história em 2023, ao conquistar o título dos meio-pesados contra Jiri Prochazka, depois de ter sido campeão entre os médios.

Apesar de ter menos defesas de cinturão e vitórias no UFC que Anderson Silva, o feito de Poatan é comparável ao de lendas como José Aldo e Amanda Nunes —esta última ainda maior em termos de domínio em duas categorias e número de defesas.

A vitória teve sabor de resposta: a luta contra Ankalaev foi uma revanche. Na primeira vez em que se enfrentaram, Poatan teve problemas físicos e não estava bem preparado. Ao ser perguntado se o triunfo foi uma vingança, ele citou Seu Madruga, da série Chaves: “A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena. Não é vingança. Eu estava preparado.”

Poatan é hoje um dos maiores nomes do UFC. A organização, avaliada em US$ 14 bilhões, o trata como ativo de peso —e ele rompeu a bolha dos fãs hardcore. Com 7,3 milhões de seguidores nas redes sociais, só fica atrás, entre os brasileiros, de Charles “do Bronx” Oliveira (8,5 milhões). No mundo, outros nomes como Jon Jones (9,4 milhões) e Ilia Topuria (11,2 milhões) lideram a lista.

Nascido no ABC Paulista, Poatan trabalhou como borracheiro e segurança de boate antes de se profissionalizar nas lutas. Ao contrário do que se costuma dizer, ele já competia enquanto enfrentava o alcoolismo —inclusive foi campeão brasileiro durante esse período. A mudança de trajetória aconteceu mais tarde, a partir de uma provocação pública feita por Israel Adesanya, quando ambos já tinham se enfrentado no Glory e Adesanya era campeão do UFC.

Reservado, com postura estoica e poucas palavras, Poatan costuma homenagear o povo Pataxó a cada entrada no octógono. Ele sobe ao som de Sepultura —com guitarras pesadas e cantos de guerra indígenas— e se apresenta com pinturas corporais e cocares autênticos.

Na internet, o também lendário Max Cavalera, fundador do Sepultura, revelou que seu filho é fã de MMA e que ele próprio passou a admirar Poatan. Em homenagem ao lutador, o próximo álbum de sua banda se chamará Chama.

Poatan ajudou a popularizar essa expressão —”chama!”— que virou grito de guerra nas redes sociais e nos aeroportos. Sua história de superação, suas raízes periféricas e indígenas e sua linguagem corporal silenciosa o transformaram em símbolo de força e resistência.

Seus feitos justificam o destaque: além de dois cinturões no UFC, Poatan foi campeão em duas divisões na Glory, o principal evento de muay thai do mundo. Desde que chegou ao UFC, enfrentou apenas campeões ou desafiantes ao título. Em 2023, defendeu seu cinturão três vezes —marca rara entre os lutadores da organização.

Diferente de atletas como Ayrton Senna, que competiam por equipes bilionárias, Poatan treina numa academia pequena em Danbury, Connecticut, liderada por outro ex-campeão brasileiro, Glover Teixeira.

Mas o momento em que Poatan constrói sua trajetória é outro. Senna foi ídolo nacional durante a redemocratização. Poatan emerge em tempos de polarização política. O UFC —especialmente nos EUA— virou reduto de apoiadores de Donald Trump. No Brasil, parte da torcida e dos lutadores é ligada ao bolsonarismo. Isso contribui para o desinteresse da grande imprensa em acompanhar suas lutas.

Na esquerda, poucos têm a disposição (ou liberdade) para reconhecer o fenômeno Poatan. Um dos que rompeu esse bloqueio foi o rapper Mano Brown, fã declarado dos esportes de combate —e um dos mais influentes intelectuais públicos do país.

É possível que Poatan esteja presente no UFC Rio, marcado para o próximo sábado. A luta principal será de Charles “do Bronx” Oliveira —que já foi entrevistado por Brown em seu podcast.

Já pensou? Mano Brown entrevistando Alex “Poatan” Pereira, o ex-borracheiro indígena do ABC que virou campeão mundial? Esse é o tipo de encontro capaz de furar a bolha ideológica do Brasil.



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