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F1: Gabriel Bortoleto luta pelo direito de ser ídolo – 01/11/2025 – Esporte


Aos 21 anos, Gabriel Bortoleto fala como quem entende que talento, por si só, não basta. Entre a ansiedade natural por bons resultados na F1 e a paciência de quem aprendeu a respeitar o tempo das oportunidades, o piloto demonstra uma incomum maturidade para sua curta trajetória.

Ele confessa, no entanto, que vive o momento de maior expectativa em sua temporada de estreia na principal categoria do automobilismo. No próximo dia 9, ele vai disputar a etapa brasileira pela primeira vez.

Será o fim de um hiato para os fãs que frequentam Interlagos. Desde 2017, quando Felipe Massa deixou a F1, o público brasileiro não tem a chance de torcer por um compatriota no autódromo.

“Correr na frente do meu país, representando o Brasil, é uma oportunidade única na minha vida. Não vejo a hora e, sendo bem sincero, não vou mentir, estou muito ansioso”, disse Bortoleto à Folha.

Ao longo deste ano, ele já demonstrou que lida bem com situações de pressão. Depois de um começo difícil, a Sauber passou a ter um carro mais competitivo na segunda metade da temporada, possibilitando ao paulista de Osasco a chance de somar seus primeiros pontos na F1 —com 19, está em 19º lugar.

Na última etapa antes de desembarcar no Brasil, no GP do México, ele teve uma de suas melhores apresentações, ao cruzar a linha de chegada em 10º depois de largar em 16º.

Para a corrida em São Paulo, ele prefere não fazer projeções. Seu objetivo maior é no longo prazo. A partir do próximo ano, quando a F1 terá um novo regulamento, a equipe Sauber vai mudar de gestão e passará a se chamar Audi.

Bortoleto está no centro desse projeto e espera, em um futuro próximo, corresponder à expectativa dos brasileiros.

O último piloto do país que terminou uma prova em primeiro na categoria foi Rubens Barrichello, pela Brawn GP, em 2009. Já o último título foi há mais de três décadas, em 1991, com Ayrton Senna.

“Eu entendo toda essa cobrança, entendo que é vontade de ter um cara lá em cima, vencendo de novo, um ídolo para unir o país. E é isso o que eu tenho muita vontade de conquistar.”

Como você lida com as diferentes expectativas de quem acompanha toda a temporada da F1 e sabe das suas possibilidades em uma corrida e de quem vai acompanhar apenas o GP São Paulo?

A temporada teve altos e baixos, o que é comum. Sabemos que correr no meio do pelotão é superapertado, qualquer erro pode custar muito. Mas estou feliz com como a minha temporada tem sido. Para os fãs que vão começar a acompanhar mais depois da corrida no Brasil, espero que vocês aproveitem, porque vão ver quão perto os carros estão atualmente na F1.

Você se vê como um ídolo para a nova geração de fãs?

Essa é uma palavra forte. Eu sou um piloto brasileiro na F1. Eu amo fazer o que eu faço. Acho que ídolo é uma palavra forte que, um dia, se Deus quiser, pelos meus resultados, eu vou conquistar. Ainda estou na jornada para me tornar um ídolo. Espero realizar isso quanto antes e entregar um título mundial para o Brasil.

Desde a F3, em suas entrevistas, você sempre demonstrou muita maturidade, com uma visão clara sobre seus acertos e erros na pista. Quanto isso está ajudando na F1?

Ajuda muito. Obviamente, quando você entra na F1, é o momento em que mais tem a aprender na sua carreira. E é extremamente importante ser autocrítico. Ninguém nasce perfeito, e ninguém começa um esporte sabendo de tudo. Tenho muito a aprender ainda. Cometi erros neste ano e fiz muitas coisas boas também. Mas preciso ser autocrítico o suficiente para entender o que preciso melhorar. Se eu quero um dia alcançar o título mundial —se Deus quiser, eu vou alcançá-lo—, preciso ser autocrítico.

Como você separa os seus erros das limitações do carro?

Não tem muito o que separar. Eu entendo muito bem onde o nosso carro está, sabemos que não temos como ganhar uma corrida com o carro que temos hoje. Dá para somar pontos em alguns finais de semana, e, em outros, não somos tão competitivos, mas isso faz parte. Não tem muito do que reclamar. Estou aqui com um objetivo claro, que é pegar essa equipe, que vai se tornar a Audi no ano que vem, e transformá-la em uma equipe de ponta. Eu quero lutar por vitórias, mas isso leva tempo e construção.

Em termos de pilotagem, quando você olha do começo da temporada para cá, onde acha que mais evoluiu?

Na gestão de corrida e na gestão energética dos pneus. Entender de maneira melhor a minha posição na corrida, o que eu preciso fazer. Aprendi não só na corrida, mas fora dela também, a cuidar muito mais da minha energia durante os dias. Acho que, algumas vezes, no começo do ano, eu estava entrando no carro um pouco mais cansado do que deveria.

Você se cobra muito?

É difícil colocar em palavras quanto eu me cobro; só quem me conhece realmente sabe disso. Eu não tenho nenhum acompanhamento [psicológico], sendo bem sincero, mas tenho pessoas excelentes ao meu redor —pessoas com que trabalho, minha família, meu treinador, meus empresários. E essas pessoas são as que conseguem me ajudar a lidar com qualquer momento que estou passando, tanto o bom quanto o negativo. Mas eu sou uma pessoa que se cobra muito. Sou o primeiro a ser o maior crítico, a entender o motivo e querer melhorar.

Como está a transição da equipe para o projeto da Audi em 2026?

A equipe já tem mudado muito. Neste ano a administração já é da Audi. As pessoas serão as mesmas. Só muda que vai ser algo que a gente vai pegar desde o início: um regulamento do zero, algo que pudemos desenvolver desde o começo, tanto o carro quanto a nossa própria unidade de potência. Não vai ser fácil, sabemos disso. É um processo, um projeto de longo prazo, mas eu tenho total confiança.

No começo da temporada, Helmut Marko, consultor da Red Bull, ao falar sobre os novatos da F1, disse que você era um “piloto B”, sem velocidade pura. Na época, você disse que responderia a ele na pista. Em sua percepção, respondeu?

Com certeza. Entreguei ótimos resultados neste ano. Acho que está bem claro para ele o que eu tenho entregado. E, logo no começo do ano, falei com ele rapidamente, e ele disse que não foi bem aquilo que quis dizer. Mas eu nunca precisei provar nada para ele. Eu não tenho obrigação de provar nada para ninguém, só para mim mesmo.

Como é sua relação com o público? Como lida com as redes sociais?

Eu tento me manter o mais conectado possível ao meu público, porque são pessoas que me dão muita força. Eu sou sortudo pelo país em que nasci. Eu recebo muita cobrança —todo o mundo sabe que brasileiro pode cobrar muito também. Não é fácil, mas eu entendo toda essa cobrança; entendo que é vontade de ter um cara lá em cima, vencendo de novo, um ídolo para unir o país. E é isso o que eu tenho muita vontade de conquistar.


RAIO-X | Gabriel Bortoleto, 21

Nascido em Osasco (SP), é piloto desde os seis anos, quando estreou no kart. Foi campeão em suas temporadas de estreia na F3 e na F2, em 2023 e 2024, respectivamente, e chegou à F1 neste ano. Até o momento, soma 22 corridas, e sua melhor posição de chegada é um sexto lugar, no GP da Hungria.



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