Uma das piores coisas para o jogador de futebol que não é acomodado é ficar na reserva. Acredito que Endrick, ex-Palmeiras, não seja, que não lhe falte vontade nem ambição, então sua situação no Real Madrid se mostra altamente indesejável e incômoda.
O atacante que com 17 anos –eu escreveria “apenas 17 anos”, porém a precocidade no esporte está tão gritante que não sei mais se 17 anos é tão prematuro– brilhou no Palmeiras na campanha do título do Campeonato Brasileiro de 2023 teve uma lesão na coxa no dia 18 de maio, em jogo contra o Sevilla pelo Campeonato Espanhol que o afastou por meses dos gramados.
Foi um tremendo azar, pois perdeu o Supermundial de clubes, no meio do ano, quando o Real esteve desfalcado de Mbappé por boa parte da competição. Nesse cenário, e com Rodrygo em baixa, Endrick provavelmente seria titular.
Se bem que, mesmo que tivesse jogado muito, não seria garantia de nada. Quem entrou, outro jovem, Gonzalo García, 21, e se destacou, com quatro gols e uma assistência em seis partidas, voltou para o ostracismo tão logo Mbappé se recuperou.
No período de ausência, Endrick viu a concorrência por uma vaga no ataque do time merengue crescer. Já estavam Mbappé, Bellingham, Vinicius Junior, Rodrygo, Gonzalo. Chegou Mastantuono, 18, joia do River Plate, e subiram de produção Arda Güler e Brahin Díaz.
Assim, mesmo recuperado da contusão que o inutilizou por 11 partidas, sua chance de jogar, que já não era grande antes, sob o comando do italiano Carlo Ancelotti (hoje na seleção brasileira), caiu para perto de zero na gestão do espanhol Xabi Alonso.
Com o novo treinador, se nem Vinicius Junior, o atual melhor do mundo da Fifa, está tendo os minutos que gostaria –amargou a reserva em algumas partidas e tem sido substituído com frequência nos jogos como titular–, por que Endrick teria?
Depois de oito partidas esquentando o banco (seis no Espanhol, duas na Champions League), sem ter um único minuto de oportunidade, o camisa 9 substituiu Mbappé neste sábado (1º), contra o Sevilla no Santiago Bernabéu.
Era sua primeira chance em cinco meses e meio, e ela só veio, muito possivelmente, porque o jogo, passados 34 minutos do segundo tempo, já estava definido, o Real ganhava por 3 a 0.
Em 13 minutos, contando os acréscimos, mal deu para pegar na bola, e não deu para finalizar uma única vez. O gol pelo time principal do Real, que não sai desde o dia 1º de abril, na Copa do Rei contra a Real Sociedad, terá de esperar um pouco (ou “um muito”) mais.
Vem a pergunta: sendo Endrick, 19, bastante jovem ainda, ele não pode esperar para naturalmente ir ganhando espaço na equipe, já que tem contrato até 2030? Pode. Só que essa espera tende a ser longa, e, além de ser penoso para o atleta não ir a campo, sem visibilidade ele fica descartado na seleção brasileira.
Nas gestões de Fernando Diniz e Dorival Júnior, Endrick era figurinha fácil nas convocações. Estando no plantel, tinha como disputar um lugar no time.
Tem Copa do Mundo se aproximando. Qualquer jogador sonha jogar uma (ou mais). Com Endrick, não deve ser diferente. Mas, para voltar ao rol dos convocáveis, precisa jogar no clube.
A melhor alternativa para Endrick é negociar com o Real um empréstimo. Diz-se que essas tratativas já estão ocorrendo, e que na janela de transferências de janeiro ele sairia, tendo como destino o Lyon, da França.
Estar no gigantesco Real Madrid é ótimo, é o desejo de todo futebolista. Mas, para não jogar ou jogar quase nada, o mais desejável, a curto prazo e por determinado período, é se mandar. Para poder usar mais os pés do que, reservaço, os glúteos.
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