Está ficando repetitivo. O roteiro até muda, mas o final da Libertadores feminina tem sido sempre o mesmo: Corinthians campeão.
No sábado (18), na decisão da 18ª edição da competição sul-americana, as Brabas, capitaneadas pela meia-atacante quarentona Gabi Zanotti, superaram o Deportivo Cali, da Colômbia, e se sagraram campeãs pela terceira vez seguida.
A diferença para as duas vezes anteriores, quando derrotaram Independiente Santa Fe (Colômbia), em 2024, e Palmeiras, em 2023, foi que agora a vitória saiu na disputa de pênaltis. Sem errar nenhum, o Corinthians, depois de um 0 a 0 no tempo regulamentar, fez 5 a 3 no desempate.
A lamentar na partida em Banfield (Argentina), além da falta de gols com a bola rolando, a baixa presença de público no estádio Florencio Sola na decisão do campeonato que elege a melhor equipe sul-americana.
A Conmebol, entidade organizadora da Libertadores, não divulgou o número de presentes na arena, mas no visual ela estava bem vazia. Na disputa de pênaltis, atrás do gol em que foram feitas as cobranças, não tinha ninguém nas arquibancadas. Um anticlímax.
Possivelmente a Conmebol não divulgou justamente para evitar expor a baixa audiência, que não é boa para a imagem. Inócuo. É tapar o sol com a peneira, já que o vazio é visível.
O desinteresse do público vem de outras edições, e é de se pensar se realizar a competição em sede única é a melhor alternativa. Para economia com viagens, certamente, e talvez seja a única forma de viabilizar atualmente a Libertadores feminina evitando um megaprejuízo financeiro.
Se o produto é bom, deveria atrair interesse. Por que não atrai? Assunto para os departamentos de marketing e comercial tratarem. (Se o produto é ruim, não sei se há jeito.)
Voltando à parte esportiva, no total o Corinthians soma seis Libertadores. É com folga o maior campeão (o São José-SP vem a seguir, com três conquistas) e, além se ser o atual tricampeão, conquistou cinco das últimas sete edições.
Fica nítido que as Brabas não estão tendo adversárias à altura por aqui. A América do Sul já é delas, então o que deve se almejar agora é ampliar o território de conquista. Fazendo uma adaptação a uma conhecida frase, “o céu é o limite”, para elas “o mundo é o limite”.
Antes, era impossível para o campeão da Libertadores feminina tentar ser campeão mundial. Não mais. Neste ano, a Fifa criou a Women’s Champions Cup, torneio que coroará um campeão depois da participação de equipes vencedoras de competições continentais.
O torneio, embrião para o Mundial de Clubes feminino (previsto para 2028), é o primeira a possibilitar, por exemplo, que o ganhador da Libertadores possa duelar com o da Champions League europeia. Isso ocorrerá na final, caso Corinthians, já semifinalista pelo regulamento, e Arsenal (Inglaterra), também já na semifinal (a outra), cheguem lá.
Para que Gabi Zanotti, Vic Albuquerque, Nicole, Jhonson, Duda Sampaio e companhia cheguem à decisão, precisarão superar o Gotham FC, dos EUA, campeão da Copa dos Campeões da Concacaf (Américas do Norte e Central e Caribe).
O técnico corintiano, Lucas Piccinato, deve em breve começar a estudar o time de Nova Jersey, que tem no elenco a atacante Gabi Portilho, uma ex-Braba.
A fase final da Women’s Champions Cup será em Londres, de 28 de janeiro a 1º de fevereiro de 2026, e seria fantástico se o estádio a abrigar as partidas fosse Wembley, arena lendária na capital da Inglaterra, com a Fifa dando o devido valor ao inédito campeonato.
Afinal, dele sairá o primeiro clube vencedor de um torneio global feminino chancelado pela Fifa. E arrisco que será chamado, por mídia e por torcedores, de “campeão mundial”. Afinal, seu vencedor será, reconhecidamente, o melhor clube do mundo.
Aí, a Fifa dirá que não e determinará que se chame o vencedor de “campeão intercontinental”.
Não importa. Será um título de suma importância e que testará a força, o talento e a garra das Brabas em uma frente desconhecida. Que a preparação seja feita desde já.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.
Deixe um comentário