Na Piazza del Duomo, em Milão, um relógio mostra a contagem regressiva para os Jogos Olímpicos de Inverno que o país vai receber entre 6 e 22 de fevereiro.
Na última quarta (29), ele marcou 100 dias para as Olimpíadas, que serão na cidade italiana e nas montanhas. Os milaneses ainda não falam tanto sobre os Jogos. Já, para os atletas, falta pouquíssimo. E, para os brasileiros, há uma empolgação diferente.
Pela primeira vez o Brasil tem chances de conquistar uma medalha nos Jogos de Inverno. A melhor colocação até hoje é o nono lugar de Isabel Clark no snowboard cross em Turim-2006. Desde então, o país nunca esteve perto de subir no pódio.
Nesta semana, eu e alguns jornalistas conhecemos a futura Casa Brasil em Milão. Durante Jogos Olímpicos, é normal que participantes montem suas “casas” –onde mostram sua culinária e cultura. É um passo à frente, porque o Brasil nunca teve uma em Jogos de inverno. Atletas que estão na corrida pela vaga também vieram, já que muitas classificatórias olímpicas estão para começar.
Uma das atletas é concorrente à medalha inédita. Nicole Silveira, do skeleton, nasceu em Porto Alegre e viveu a maior parte da vida no Canadá. Foi descoberta por acaso. Tinha praticado outros esportes, era fisiculturista. Em 2017, a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) a convidou para testar o skeleton. Nicole comprou a ideia, começou a treinar já adulta e teve ascensão meteórica.
Depois do 13º lugar em Pequim-2022, melhor resultado do Brasil no gelo, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e a CBDG, vendo o potencial de medalha, montaram um planejamento para acelerar o desenvolvimento dela até 2026, investindo em equipamentos e comissão técnica.
Nicole é treinada desde 2023 por Richard Bromley, que levou a Coreia do Sul ao inédito ouro olímpico no skeleton em 2018. A atleta também uniu forças com a belga vice-campeã mundial Kim Meylemans. Elas hoje são casadas, estão juntas nos treinos e no sonho olímpico. Neste ciclo, Nicole ganhou duas medalhas em Copas do Mundo e foi quarto lugar no Campeonato Mundial.
Outro brasileiro que pode subir no pódio é Lucas Pinheiro Braathen, do esqui alpino. Nascido em Oslo, tem mãe brasileira e pai norueguês e até 2023 competiu pela Noruega. Bicampeão mundial júnior, começou a defender o Brasil no ano seguinte e, desde então, tem cinco medalhas em Copas do Mundo.
Para este ciclo olímpico, o COB investe, em linhas gerais, em comissões técnicas, apoio a atletas com foco na classificação olímpica e experiência, e equipamentos. A equipe de bobsled ganhou trenós novos e mais modernos –antes usava emprestados ou de segunda mão. Foram 13º no Mundial, melhor colocação do Brasil até hoje. O top 10 olímpico não é realidade distante.
A convocação da delegação brasileira será em 19 de janeiro e o objetivo é levar entre 13 e 20 atletas. Pode ser a maior equipe da história caso ultrapasse os 13 de Sochi-2014. Depois dos dois últimos Jogos serem na Coreia do Sul e China, uma competição na Europa, com fuso horário melhor para o Brasil, ajuda a aproximar atletas do público.
Nos ciclos passados, conseguir a vaga era a vitória. Agora, a situação é diferente. Assim como em Turim-2006, quem sabe a Itália, de novo, traz boa sorte ao Brasil.
A colunista viajou a convite do COB.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

Deixe um comentário