A política de bonificação para GCM (Guarda Civil Municipal), implementada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), gerou controvérsias entre especialistas em segurança pública.
Como o Painel mostrou, foram bonificadas 125 apreensões entre os dias 3 de setembro —quando a medida passou a vigorar— até a última quinta (25). Uma média de cinco motos recuperadas por dia.
Dessas, 42 motos haviam sido roubadas, 29, furtadas e outras 54 com placas adulteradas. A gestão paga R$ 1.000 para o guarda ou a equipe que recolher uma moto nesta situação.
De janeiro a agosto, a GCM havia apreendido 241 motos, ao todo, uma média de 30 por mês.
“A literatura científica mostra que há possibilidade de os operadores do sistema fazerem jogos para conseguir ter este bônus e não necessariamente virar um retorno”, diz Rafael Alcadipani, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
“Por um lado é bom aumentar a apreensão de motos roubadas e furtadas, mas é preciso de uma política pública mais ampla, como estratégias para enfrentamento aos desmanches”, prosseguiu o professor.
Para a diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, a apreensão é legítima inclusive no intuito de combater outros crimes, como furto e roubo de celular. No entanto, a gestão Nunes e a GCM precisam se atentar se haverá abuso da força durante as abordagens e monitorar o foco de atuação dos guardas.
“A bonificação pode tirar o foco diante de outros delitos como violência doméstica, violência escolar. É uma política que pode desvalorizar essas atuações”, afirma Ricardo.
Autora do projeto de lei que institui a premiação, a gestão Ricardo Nunes (MDB) defende que a medida como incentivo à atuação dos agentes no combate ao crime e à circulação de motos irregulares, que inclusive acabam sendo usadas para outros delitos.
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