
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Envolto por polêmicas políticas extracampo nos últimos meses, o Corinthians tem oscilado dentro de campo. Mas os problemas externos interferem no desempenho da equipe? A reportagem ouviu alguns jogadores do elenco sobre o assunto.
Os jogadores dizem ter um “pacto”: nada que foge do futebol vira pauta entre eles. As conversas e cobranças entre si ficam limitadas apenas ao que acontece dentro de campo nos treinamentos e jogos.
Mas a pressão da torcida não passa batida. O entendimento é que ainda que o elenco se blinde, as reclamações dos torcedores nos jogos são ainda mais potencializadas pelo o que acontece no externo.
“Para mim, não interfere em nada porque dentro do campo somos nós que decidimos. É claro que sempre aparecem só notícias ruins do clube nas redes sociais, mas um clube com a grandeza que tem não pode viver esses momentos. Poderia estar um pouquinho mais estável, mas o tema político não é desculpa para nós”, avalia André Carrillo.
“É uma situação difícil. Todo dia aparece uma notícia ruim do Corinthians, a torcida começa a se desgastar, isso influencia no jogo. Entre nós, isso não pode exercer tanta influência porque estamos focados no futebol. Fizemos um combinado que tudo que sai do alcance do futebol não cabe a nós nos preocupar, mas é chato. Esperamos que as coisas melhorem”, opina Matheuzinho.
“As pessoas vêm falar de política fora do clube com a gente, mas temos que deixar para lá porque isso não é com a gente. Estamos lá para trazer vitórias e precisamos deixar isso de canto. Acredito que sim [polêmicas aumentam cobrança], a torcida não gosta de perder, a gente também não, mas algumas derrotas são bem doloridas pelo o que acontece fora, mas acredito que sabemos lidar com isso”, diz Breno Bidon.
A oscilação recente levou os jogadores a fazerem uma reunião de autoanálise na semana passada, após a derrota para o Santos. O intuito foi identificar os fatores que levam a equipe a acumular “barrigadas” nos últimos jogos.
Na última rodada, o time venceu o Vitória fora de casa, por 1 a 0, e aliviou a pressão. Na próxima rodada do Brasileirão encara o Grêmio, domingo, às 16h.
DORIVAL E MAYCON RECLAMARAM
Há uma semana, o capitão Maycon e o técnico Dorival Júnior reclamaram das polêmicas envolvendo o clube. A dupla expôs a insatisfação após a vitória por 1 a 0 sobre o Atlético-MG.
“Não acho saudável a política envolvida com o dia a dia. É natural que interfira. De uma maneira ou de outra, ela sempre vai envolver de forma direta o elenco, o clube, os jogadores, os funcionários. Isso tem que ser resolvido e a gente torce para que a política seja menos evidente em todos os ambientes de todos os clubes”, disse o técnico.
“Não adianta nada a gente debater essas situações, a torcida vir cobrar a gente, sendo que não temos o apoio que realmente nos faça crescer no clube. Temos que fazer um trabalho complexo no clube para que possamos ter tranquilidade para chegar dentro do campo e fazer o que temos que fazer”, disse por sua vez Maycon.
POLÊMICAS RECENTES DO CORINTHIANS
Situação de Fabinho Soldado. O executivo de futebol não deve permanecer para 2026. Conselheiros têm pressionado o presidente Osmar Stabile a demitir Fabinho, alegando que ele recebe salário alto e faz “negócios obscuros” na gestão. O adeus deve vir ao final da temporada, em dezembro. A pressão vai contra o que o elenco e a comissão técnica pensam do dirigente.
Transfer ban. O Corinthians acumula dívidas pelas compras de jogadores e, atualmente, está proibido de contratar por dever R$ 40 milhões ao Santos Laguna, pelo zagueiro Félix Torres. O clube também já foi condenado pelo CAS a pagar R$ 45 milhões a Matías Rojas e pode sofrer mais um ban. Há ainda outros casos envolvendo Maycon, José Martínez, Rodrigo Garro e Charles.
Cartões corporativos. O MP-SP investiga o uso indevido de cartões corporativos do Corinthians por ex-presidentes. O órgão já denunciou Andrés Sanchez por apropriação indébita, lavagem de dinheiro e crime tributário. O diretor financeiro Roberto Gavioli também foi denunciado e acabou afastado. Duílio Monteiro Alves e Augusto Melo são investigados.

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