A mudança climática é um dos adversários mais difíceis que qualquer atleta enfrenta, alertou a jogadora de futebol brasileira Tamires, parte de um grupo de 40 esportistas de elite envolvidos no lançamento de uma nova campanha global que será apresentada na cúpula da COP30, no próximo mês, em Belém.
Tamires, que jogou duas Copas do Mundo, é acompanhada na iniciativa por nomes como a tenista brasileira Beatriz Haddad Maia, a surfista brasileira Maya Gabeira, o nadador romeno David Popovici e o jogador de futebol inglês Raheem Sterling para apoiar o Adapt2Win.
Com a mudança climática já impactando o esporte de elite, a campanha global multimídia lançada na segunda-feira (27) e apoiada pela Fundação Gates e pelo Wellcome Trust, está instando os governos a priorizar investimentos em adaptação climática antes da COP30.
Tamires, 38, descreveu os desafios de jogar futebol no Brasil, onde o calor extremo e as chuvas prejudiciais representam obstáculos, e disse que adaptar-se à mudança climática não é mais opcional.
“No esporte, aprendemos a nos adaptar todos os dias –a novas equipes, novas táticas, novos adversários. Mas a mudança climática é um tipo diferente de adversário. É mais forte, mais imprevisível, e ninguém pode enfrentá-lo sozinho”, disse ela.
Quarenta atletas assinaram uma carta aberta sobre o tema. Um filme impactante mostrando o efeito dramático de inundações e incêndios em locais esportivos será exibido na COP30, em Belém, no próximo mês.
O filme começa com uma legenda afirmando “isso pode ser a pior derrota da história ou a maior recuperação de todos os tempos”.
De acordo com os organizadores da campanha, desastres relacionados ao clima causaram US$ 417 bilhões (R$ 2,24 trilhões) em perdas econômicas em 2024, mas menos de 10% do financiamento climático global é direcionado para adaptação.
“Para mim, isso é pessoal”, disse Sterling, que nasceu na Jamaica, mas jogou 82 vezes pela Inglaterra.
“Eu vi como a mudança climática está remodelando a vida em todo o Caribe. Através do trabalho da minha fundação na prevenção de doenças transmitidas por mosquitos, vi como soluções simples, lideradas pela comunidade, podem fazer uma enorme diferença. A COP30 é o momento para os líderes apoiarem essas soluções”, acrescentou o atacante.
A campanha também destaca esforços de base já em andamento, como alertas de seca por SMS no Quênia e cuidados maternos resistentes ao calor em Serra Leoa.
“O Adapt2Win nos lembra que cada setor, desde governos até empresas e esportes, tem um papel a desempenhar na criação de mudanças”, disse Ana Toni, diretora-executiva da COP30.
Outros signatários incluem o jogador de rúgbi sul-africano Bongi Mbonambi, o jogador de futebol nigeriano Kenneth Omeruo e o velejador americano bicampeão mundial Mike Buckley.
“Crescendo na Nigéria, você sempre podia contar com as estações –quando as chuvas viriam, quando os campos ficariam verdes. Mas, nos últimos anos, tudo mudou”, disse Omeruo, que tem 69 partidas internacionais e fez parte do elenco da Nigéria que venceu a Copa Africana das Nações em 2013.
“O clima é imprevisível, as comunidades estão lutando, e até mesmo os campos de futebol onde treinávamos foram inundados ou secaram. A mudança climática é algo com que vivemos todos os dias.”
Deixe um comentário