O Milagre do Allianz.
Adianto: assim será conhecido o jogo da próxima quinta-feira (30), no estádio do Palmeiras, em São Paulo, se o alviverde conseguir se classificar para a final da Libertadores.
Nunca o Palmeiras, ao se deparar com uma desvantagem por três ou mais gols em um mata-mata após o duelo de dia, seja em competição nacional (Copa do Brasil) ou internacional (Libertadores, Copa Sul-Americana, Copa Conmebol), em levantamento feito por esta coluna, avançou.
É com essa situação que a equipe treinada pelo português Abel Ferreira se depara agora, depois de ter perdido de forma inesperada para a LDU (Liga Deportiva Universitaria) treinada pelo brasileiro Tiago Nunes na altitude de 2.850 metros de Quito, a capital equatoriana.
Inesperada porque a derrota até poderia vir, porém quase ninguém imaginava o placar elástico de 3 a 0.
Para repetir essa diferença e levar o confronto para os pênaltis, ou para golear por quatro ou mais gols e se classificar direto, o Palmeiras terá remando a seu favor cerca de 40 mil abnegados torcedores no Allianz Parque. Remando contra, algumas centenas de fãs da LDU e… a história.
Mesmo nas ocasiões em que o Palmeiras perdeu a partida de ida de um mata-mata por dois gols de diferença, a virada veio em menos de 50% das vezes (três em sete confrontos).
O alviverde classificou-se nas oitavas de final da Libertadores-2000 (Peñarol, 0 a 2 e 3 a 1, avançando nos pênaltis), na segunda fase da Sul-Americana de 2008 (Vasco, 1 a 3 e 3 a 0) e na segunda fase da Sul-Americana de 2010 (Vitória, 0 a 2 e 3 a 0).
Foi eliminado na semifinal da Libertadores de 2018 (Boca Juniors, 0 a 2 e 2 a 2), na segunda fase da Sul-Americana de 2011 (Vasco, 0 a 2 e 3 a 1, pelo gol fora de casa), na segunda fase da Copa do Brasil de 2007 (Ipatinga-MG, 0 a 2 e 2 a 0, perdendo nos pênaltis) e nas oitavas da Copa do Brasil de 2024 (Flamengo, 0 a 2 e 1 a 0).
Quando o placar do primeiro jogo foi superior a dois gols de vantagem, o destino nunca sorriu para os palmeirenses.
Trinta anos atrás, em 1995, nas quartas de final da Libertadores, o Palmeiras ameaçou realizar o extraordinário no Palestra Itália. Trouxe do estádio Olímpico um 5 a 0 aplicado pelo Grêmio dirigido por Luiz Felipe Scolari. No começo do jogo em sua arena, o alviverde ainda levou mais um, de Jardel, mas, sob a liderança de Cafu e do raçudo volante argentino Mancuso, reagiu e fez cinco gols. Faltaram dois.
Um ano depois, na extinta Copa Conmebol, o Bragantino do técnico Antonio Pardal aplicou um 5 a 1 em Bragança Paulista no Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo, com Marcos no gol, Roque Júnior na zaga, Freddy Rincón no meio e Luizão no ataque. Na volta, o 3 a 0 foi insuficiente.
Pela Copa do Brasil, duas goleadas que não foram revertidas: em 2003, nas oitavas, 7 a 2 para o Vitória (3 a 1 no segundo jogo); em 2011, nas quartas, 6 a 0 para o Coritiba (2 a 0 na segunda partida).
As probabilidades estão contra o Palmeiras, e além disso há o fato de a LDU ter-se notabilizado por, nestes mata-matas, matar clubes brasileiros. Enterrou o Botafogo (atual campeão) nas oitavas (0 a 1 e 2 a 0) e o São Paulo nas quartas (2 a 0 e 1 a 0).
O funeral do Palmeiras na semifinal parece encaminhado, porém não considero o defunto consumado.
O otimismo dos palestrinos pode e deve amparar-se não apenas na crença no xerife e capitão Gustavo Gómez e na dupla artilheira Flaco-Roque (Flaco López e Vitor Roque), mas nos resultados mais recentes nos seus domínios, todos neste mês: 3 a 0 no Vasco, 4 a 1 no Juventude, 5 a 1 no Bragantino.
O Milagre do Allianz é possível. Dependerá de uma dose significante de fé (confiança e convicção) e outra, tão ou mais significante, de inspiração (criatividade), determinação (raça) e competência (pontaria).
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

Deixe um comentário