A Netflix não conseguiu atingir as metas de lucro projetadas para o terceiro trimestre de 2025. Logo após o anúncio, nessa terça-feira, as ações despencaram, e a empresa perdeu o equivalente a US$ 33 bilhões. Atualmente, a empresa opera em queda de 9,72% na Nasdaq, dos Estados Unidos. Aqui no Brasil, a queda é de 5,25%.
O Brasil é parte do problema. Mais especificamente, uma parte de pelo menos US$ 619 milhões. Esse é o valor de uma disputa tributária entre a plataforma de streaming e o governo federal. A disputa teria iniciado no começo de 2022, e ainda está em andamento. Sem a despesa, a Netflix diz que a margem de lucro operacional, ou seja, sem contar impostos e juros, teria passado de 31,5%. A margem efetivamente alcançada foi de 28%.
Durante a reunião em que apresentou o balanço da empresa, o CEO da Netflix, Spencer Neumann comentou que “essa questão tributária brasileira é um pouco complicada. Quero ter certeza de que estamos sendo bem claros sobre o que ela é. Não se trata de um imposto de renda. É um custo de fazer negócios no Brasil.”
A empresa não divulga mais o número exato de assinantes, mas o dado mais atualizado já ultrapassa os 300 milhões de usuários em todo o mundo.
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Problema envolve entendimento do STF sobre imposto
Em agosto de 2025, o Supremo Tribunal Federal validou uma mudança na legislação referente à Contribuição de Intervenção e Domínio Econômico (Cide-Tecnologia). O imposto surgiu em 2000, inicialmente envolvendo apenas transferência de tecnologia entre empresas brasileiras e estrangeiras. A lei foi alterada em 2001 e 2007, para incluir cobrança também sobre royalties e serviços técnicos, mas as mudanças foram questionadas no Supremo.
Com a decisão do STF, passou a valer a ampliação do escopo. Agora, a Cide, nos termos da decisão do Supremo, “deve ser integralmente aplicada na área de atuação Ciência e Tecnologia, nos termos da lei.” Isso inclui os royalties pagos à Netflix Brasil para a matriz nos Estados Unidos.
Foi diante do surgimento da nova despesa tributária que a plataforma se viu obrigada a desembolsar os US$ 619 milhões para acertar as contas com o governo brasileiro.
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